Exposição CORPOS EM TRÂNSITO: Formas de conter e contar o mundo

A exposição “CORPOS EM TRÂNSITO – formas de contar e conter o mundo” apresenta, no Museu Inimá de Paula, trabalhos desenvolvidos pelo escultor argentino Fernando Poletti, a partir dos diversos territórios que ele atravessou e que o atravessaram. A abertura da exposição é nesta quarta-feira, dia 18 de dezembro, das 19:00h às 22:00h. O Museu fica na Rua da Bahia, Nº 1.201, Centro, Belo Horizonte.

Radicado na capital mineira desde 2014, Fernando reflete sobre as limitações, contenções e modelagens impostas pelos mundos que habitamos. O artista mostra pessoas em busca de um equilíbrio, mesmo que transitório, em meio às demandas da vida cotidiana, transformando em imagem um pouco do que os nossos corpos podem contar sobre nós.

Com curadoria de Raquel Cecília de Oliveira, que também assina a expografia com o pesquisador Rodrigo Borges Coelho, a exposição permanece aberta para visitação até o dia 01º de Março. Raquel e Rodrigo são pesquisadores e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

De acordo com Raquel, “nesta exposição, Fernando Poletti mostra corpos que ressaltam a falta de cabimento dos papéis sociais aos quais somos submetidos, quaisquer que sejam eles. Ele aponta para a quase impossibilidade de cada ser humano, em sua individualidade, caber nos moldes, modelos e normatividades estabelecidas, por mais ‘naturalizadas’ que elas sejam”. Para ela, os diversos territórios pelos quais o artista transitou foram primordiais para a criação dessa narrativa visual. Antes de se radicar no Brasil, Fernando passou por vários países da América Latina e também da África, onde se deparou com diferentes pessoas, com vidas bastante distintas, todas em busca de equilíbrio, mesmo que transitório, em meio às demandas da vida cotidiana.

A partir disso, ele passou a transformar em imagem um pouco do que os corpos podem contar sobre nosso descabimento. “O equilíbrio que ele busca é bastante específico, é um equilíbrio metafórico que transparece no corpo. Metafórico, pois seus corpos não visam movimentos que demonstram a capacidade de elasticidade do indivíduo, eles cristalizam um frame de uma cena. Solidificam um instante de uma ação completa, o qual transparece processos de  domesticação e de docilização”, define Raquel.

Segundo o artista, uma das estratégias da exposição é usar diferentes materiais para mostrar que, por mais que os moldes sejam os mesmos, a singularidade de cada um é importante.

Para Fernando, a exposição é uma oportunidade de pensar sobre as posturas desconfortáveis a quais nossos corpos são submetidos na vida em sociedade: “as pessoas aqui representadas mostram pesos que suportamos, muitas vezes para atender moldes que não nos cabem, e, assim, seguimos numa busca constante de equilíbrio, de retorno, de investigação do que realmente somos”, explica.